sábado, 22 de maio de 2010

Poeira para todo o lado! Adeus final de semana sem poeira!

Estou quase tendo um infarto!!! A casa em obras, poeira para tudo que é lado e um pedreiro que trabalha em marcha lenta... está há quatro dias colocando o piso da minha área de serviço (parede e chão) num total 22 m²??? Eu, por minha vez ansiozíssima por ver a minha máquina de lavar ocupar o lugar que lhe é devido enquanto a roupa dentro do cesto permanece inerte, apenas aumentando de volume. Hoje, sábado, 13:58 parece que o serviço não vai ser concluído... É de doer o coração. Sem contar que esse mesmo pedreiro iria colocar os cinco pisos decorados em cima da minha pia. Vou ter que abolir essa parte do trato e deixar a pia para depois. Tinha planejado dar uma saída para ver se encontrava algum palett perdido em lugar do presente (o que para mim seria um presente) ou outra coisa que me valha a pena, e nada! O marido só de olhar percebe o meu desapontamento e se culpa, por não ter se informado melhor sobre a pessoa, mas eu tento passar para ele uma tranqüilidade que estou longe de sentir, e digo (entre - dentes) que tudo está bem. São os ossos do ofício de quem se mete a fazer obras na casa onde mora... Sem ter com quem desabafar corri para o PC amigo de sempre e cá estou a me confidenciar com vocês. Adeus saída, adeus passeio, e adeus final de semana sem poeira! Coisas da vida moderna. Como diria o Bam-Bam (ex BBB): — Faz parte!!!

sábado, 15 de maio de 2010

Em algum lugar do Brasil, sem telefone, sem celular e entregue a sorte

Os pés descalços queimavam sobre o chão ardente do meio dia, mas a menina prosseguia. Precisava chegar ao seu destino e se parasse em alguma sombra para descansar, se atrasaria ainda mais. E tudo o que ela queria era não se atrasar... a casa da avó emprestada ainda estava distante e ela ansiava por um pouco de água fresca e uma porção qualquer de alimento. Andando com os pés em concha (para aliviar um pouco o ardor) ela seesforçava para alcançar o mais rápido a sua meta. Ao dobrar a esquina avistou a casa da avó e se regozijou. Estava chegando! Só que esse era o pedaço mais difícil, pois a rua onde a avó morava era uma rua com calçamento de paralelepípedo e a quentura do chão era muito maior. Mesmo assim ela continuou, atéque enfim chegou à porta da casa da avó. A casa era antiga e beirava a rua. Tinha uma porta dividida ao meio e uma pequena janela onde a avó se debruçava para olhar os passantes. Como era hora de almoço a avó estava na cozinha e a menina, quase pulando nos dois pés, teve que gritar da janela para ser ouvida. A avó se apressou em abrir a porta. Ao ver que a neta estava descalça, suja e descabelada, se assustou... —Ô menina? O que éisso? De onde você está vindo? Cadê sua mae? A menina estava ofegante e com sede, por isso ao invés de responder, pediu água. A avó lhe ofereceu um copo de água bem cheio e esperou pelas respostas. Assim que terminou de beber a água, a menina falou: —Pois é vó! Hoje eu acordei bem cedinho e estava com muitas saudades de você. Queria pedir a minha mãe para me trazer aqui para lhe ver, mas sabia que ela não podia. Ela está terminando um vestido de festa para entregar hoje à noite! Então eu esperei ela se distrair e resolvi vir sozinha. Saí de casa correndo, antes de tomar café! Se eu fosse trocar de roupa e colocar um calçado ela iria ver e não ia deixar eu sair... e eu queria tanto ver você! A avó abraçou a neta e se comoveu. Mandou que a menina fosse lavar as mãos e colocou um prato de comida para que a neta se alimentasse. Enquanto a menina comia a avó pensava com os seus botões na distância que aquela menina percorrera para ir do bairro onde morava até o bairro onde ela (a avó)residia. Pelos cálculos a a menina estava andando há mais de cinco horas. Era uma difícil caminhada por dentro do mato com ladeiras íngremes e escorregadias. Sem falar nos perigos de ataques de animais e (ou) pessoas mal-intencionadas. A neta tinha apenas oito anos e já se atrevia a tanto!!! Isso era preocupante. A essa hora com certeza, a mãe deveria estar á procura da menina e jamais imaginaria que ela estivesse tão distante de casa. A menina percebendo o silêncio da avó, perguntou? —O que foi, vó? Está zangada comigo? A avó voltou a se comover e respondeu: —É claro que não minha filha! Só estou preocupada com a sua mãe. Ela deve estar desesperada sem saber onde você está... A avó, já com seus quase noventa anos não tinha como levar a menina em casa e (é claro) não poderia deixar que ela voltasse sozinha. Então, com calma, explicou a neta a situação e que naquele momento o melhor que elas tinham que fazer era esperar. Foi até a sala e trouxe embrulhadas num papel duas cocadas para a neta. Uma branca e uma preta. Sabia que a neta dorava as cocadas que fazia e isso com certeza ajudaria na passagem do tempo. Depois do almoço, ficaram as duas sentadas em frete a janela observando os passantes. A avó vez por outra fazia um comentário engraçado sobre uma ou outra pessoa e a menina soltava uma gargalhada. Quando o sol se pôs, a avó a levou para o banho. Mas avisou que ela teria que ficar com a mesma roupa, afinal não tinha roupas de criança em casa. Por volta das sete horas uma das filhas da avó chegou do trabalho e se surpreendeu com a presença menina. Ao ficar sabendo da “proeza” da menina, foi severa. —Você merecia uma boa surra, sua negrinha! Isso é coisa que se faça? Sua mãe deve estar agoniada sem saber onde você anda! Se eu fosse mamãe teria lhe dado uma sova, quando você chegou! E agora? Amanhã eu tenho que trabalhar e não posso ir lá até onde você mora para te levar! Você vai ter que se ajeitar por aqui e tomara que sua mãe apareça para lhe buscar, sua bugrinha! A alegria da menina acabou! Talvez pela maneira de falar da Bia, talvez por ter tomado conciência da gravidade da sua façanha. Nesse momento alguém bateu palmas e Bia se apressou em atender. Era nada mais, nada menos que a mãe da menina, que cansada de procurar por ela em casa de vizinhos, da tia, do padrinho e deoutros parentes se lembrou dessa “avó emprestada” e resolveu ir até lá para ver se encontrava a amenina. Depois de muitos pitos e recriminações a mãe se despediu, pegou a filha pelo braço e saiu. As duas (mãe e filha) foram para o ponto de ônibus caladas. Estava frio e a menina já estava com sono. Já passava das nove horas da noite quando chegaram. O pai e os vizinhos fizeram festa. Até que enfim! Em casa mais recriminaçãoes e ameaças: —Se eu souber que você deu um passo em direção á rua sem a minha permissão, você morre!!! Nessa noite ela foi para a cama sem o leite que tanto gostava e sem o abraço do pai. Antes de pegar no sono a lembrança da avó e da sua expressão de tristeza quando ela e a mãe saíram. É. A avó gostava dela, mas era melhor não pensar mais nisso. O tempo passou, a menina veio morar no Rio de Janeiro e nunca mais soube da avó emprestada que se chamava Joana.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Histórias de amigos (as) inesquecíveis

Eu e minha amiga Dulce estávamos visitando parentes dela quando o casal (donos da casa) iniciaram uma briga feia. O marido descobriu que a mulher o estava traindo com o caseiro e dizia em voz alta que ia matá-la. A mãe da minha amiga era sua tia e sabia onde ele costumava guardar o revolver que possuía. Antes que ele fosse ao quarto ela pegou a arma e entregou na nossa mão pedindo para que nós duas nos escondêssemos bem longe dali. Eu, por ser mais velha, (estava com doze anos e Dulce tinha onze) peguei o revolver, coloquei dentro da blusa e saí correndo enquanto a Dulce me seguia. Já distante e num local deserto paramos e fomos observar a arma. Eu vi que estava carregada e travada, mesmo assim tratei de segurá-la com cuidado. Era fã dos filmes de Bang-Bang e me achava “expert” em armas...Dulce não frequentava cinema e quando o fazia era para assistir filmes românticos ou infantis. Num dado momento ela me pediu para segurar a arma um pouquinho e eu, cansada da corrida entreguei a arma na mão dela e sentei-me na grama para descansar. De repente ouvi um estalido e me virei: Dulce havia destravado a arma e com o cano da mesma encostado ao peito, fazia menção de puxar o gatilho! Apavorada, dei um pulo em sua direção e consegui tirar (com cuidado) a arma da sua mão. Por precaução (e ainda tremendo pelo susto) descarreguei o revolver e joguei as balas dentro de um riacho próximo dali. Ficamos por ali até o entardecer e quando voltamos para casa os ânimos haviam se acalmado e tudo estava bem. A paz voltou a reinar entre o casal. Para todos os efeitos, a mãe da Dulce é quem havia retirado e escondido a arma. O rapaz (marido traído) nunca soube da nossa participação no caso. Para nós duas, no entanto foi um dia difícil e inesquecível que poderia ter se transformado numa tragédia graças a ingenuidade e a curiosidade da minha amiga. Coisas da vida. Infelizmente, nem sempre estamos preparados para esse tipo de eventualidade e o acaso quando acontece, pode nos levar a rir ou a chorar. Felizmente no nosso caso, ficou apenas a lembrança e a cumplicidade amiga compartilhada.